Ao longo de todos esses anos de existência a turminha de Mauricio de Sousa passou por diversas modificações. Alguns dos personagens bem famosos como a própria Mônica eram inicialmente coadjuvantes em outras histórias e foram adaptados em traços e personalidade para ganharem suas histórias próprias onde eles seriam o grande destaque.
Trabalhando com uma rotina pesada de ter que manter três tiras diárias na Folha, Mauricio de Sousa tinha que dar conta do processo de produção sozinho, que incluía desde a criação de um roteiro, os desenhos e a árdua tarefa de utilizar tinta e nanquim em personagens, cenários e balões até chegar ao processo final de limpeza, onde a borracha trabalhava incansavelmente.
Os primeiros personagens a ser criado pelo autor, foi Franjinha e seu cachorrinho de estimação, Bidu. Com muito mais detalhes que os personagens que surgiriam posteriormente, portando sapatinhos, meias e até franjinhas em Nanquim, foi na história da dupla que nasceu o Cebolinha também agraciado com o detalhamento que foi abandonado em criações posteriores.
O motivo para tal era que a rotina de Mauricio de Sousa crescia e o tempo ficava cada vez mais escasso então a simplificação dos personagens fazia-se necessária. Os cabelos foram ficando mais simples, as roupas tornaram-se mais básicas e os sapatinhos sumiram, essa é a explicação para que alguns personagens como a Monica, Magali e Cascão andarem descalços e não terem nem ao menos dedinhos. Já Chico Bento personagem que surgiu em paralelo sendo uma publicação de um jornal chamado Diário da Noite, já havia se consolidado possuindo dedinhos que não poderiam simplesmente ser modificados.
Os traços em geral ficaram bem diferentes, a turminha já passou pela fase magricela, rechonchuda e angulosa, até chegarem aos adoráveis traços que tanto conhecemos. Claro que com o sucesso e visibilidade que conquistou com seu trabalho, Mauricio de Sousa passou a ter uma equipe própria para ajudá-lo na produção de suas histórias possibilitando a criação de personagens muito mais trabalhados com diversos detalhes, porém a mudança dos traços dos personagens que se consagraram com uma aparência mais simples seria no mínimo bem estranha, então se decidiu por preservar suas características clássicas.
As imagens abaixo caracterizam bem a evolução dos personagens. A Mônica surgiu inicialmente como a irmã mais velha de Zé Luiz, numa tirinha do Cebolinha, onde ela era uma menina bem invocada que já andava com um coelhinho de pelúcia e possuía seus famosos dentões.
Com a necessidade de simplificar os desenhos, a personagem foi perdendo cabelo até possuir esse aspecto de cabelo em “formato de banana” e roupinha mais básica. Já o Chico Bento antes com um aspecto bem mais adulto era na verdade um mero coadjuvante das histórias dos personagens que hoje seriam Zé da Roça e Hiro, atualmente personagens secundários no Almanaque do Chico Bento. Essa inversão de papéis deu-se devido ao carisma do jeito caipira de Chico Bento que acabou por conquistar muita visibilidade.
O aspecto do Cebolinha já lembrava bastante o que ele é atualmente, exceto é claro pela quantidade de cabelo que foi rareando com o passar de suas versões. Já a Magali e o cascão que surgiram para contracenar com a Mônica e o Cebolinha já nasceram com seus traços psicológicos bem definidos, a primeira super gulosa e o outro, sujinho como sempre.
Horácio, o personagem pré-histórico da Turminha ganhou bastante destaque com o tempo. De início não passava do animal de estimação do Piteco, mas foi ganhando personalidade própria assim que Maurício de Sousa viu a oportunidade de expressar parte do que é através do personagem. É a partir dele que o autor faz diversas críticas aos costumes e expressa seus desejos muitas vezes camuflados nas fábulas de Horácio.
Para maiores informações confira uma crônica de autoria de Mauricio de Sousa intitulada “Porque a Mônica não tem sapatos?” lá encontramos detalhes de como foi o início de carreira do quadrinista!