Quando crescemos somos naturalmente condicionados a parar de brincar. Bonecas, carrinhos, ursinhos de pelúcia em certo momento são deixados de lado, talvez um dos únicos brinquedos permitidos na vida adulta sem causar estranhamento seja apenas os vídeos games. A tecnologia vem permitindo a criação de games cada vez mais complexos, com gráficos extremamente realistas e com temáticas diversificadas capazes de agradar a praticamente todos os públicos. Não é á toa, que a indústria de games vem crescendo e faturando milhões a cada ano, uma vez que além de manter seus fieis fãs, os games conquistam cada vez mais as crianças e adolescentes dessa nova geração. Abordando um tema tão popular, o anúncio da nova produção dos Estúdios Disney gerou grandes expectativas, pela abordagem de um tema diferente e pela possível e digna homenagem aos videos games de todas as gerações.
O filme aborda a história do vilão do game Wreck-It Ralph, que faz referencia aos clássicos jogos em 8 bits das décadas de 80/90. Nele Ralph (John C. Reilly), um grandalhão enfurecido destruía o prédio enquanto concerta Felix Jr.(Jack McBrayer) com seu martelinho mágico seguia consertando todo o estrago feito, mas assim como toda profissão um dia torna-se exaustiva, Ralph após 30 anos fazendo seu trabalho com maestria cansa-se de ser sempre derrotado e odiado enquanto a glória fica restrita somente ao adorado herói da cidade, Felix.
Buscando a tão sonhada “medalha de herói” para finalmente ganhar o respeito e a confiança dos outros moradores da cidade, Ralph invade outro jogo de fliperama, mas a confusão que causa com essa intromissão acaba colocando em risco a continuidade de diversos outros jogos.
Ao longo do filme Ralph transita pelos 4 diferentes universos criados para a animação: o mundo de Concerta Felix Jr., Missão de herói, Estação Central de Jogos e Corrida Doce sendo o último o local onde se passa a maior parte do filme. É no game “Corrida doce” que Ralph encontra a pequena Venellope (Sarah Silverman) e o seu desejo de se tornar uma das corredoras do jogo da qual faz parte, mesmo sendo considerada apenas um bug.
Ralph e Calhoun (Jane Lynch) no jogo Missão de Herói.
A partir de então, o início que seguia uma linha divertida com participação de diversos personagens conhecidos dos jogos muda de foco e qualquer homenagem ou referência ao mundo dos games que conseguiu salvar-se com a adaptação para o português, é abandonada, tornando-se uma história que revela facilmente seu desfecho e sem piadas fortes o suficiente para fazer rir.
A proposta de dar vida a um universo paralelo quando finalmente as portas do fliperama se fecham, é interessante, porém não é inédita vimos isso em Toy Story, porém as semelhanças com esse clássico das animações param por ai, Detona Ralph está longe de possuir o carisma que Toy Story ao longo de seus três filmes alcançou.
Venellope e Ralph no game Corrida Doce.
Uma das coisas que mais me surpreenderam e decepcionaram foi a falta de carisma de alguns personagens importantes. Venellope a menina com uma história feita para dar aquela pitada de dramaticidade e agradar aos pequenos, mostrou-se, a meu ver, muito superficial. A dublagem também não contribuiu muito, a voz que lhe dava vida, feita pela estreante dubladora e ex-vj da mtv, Marimoon tinha um tom estranho, forçado, eu simplesmente não conseguia associar a voz a personagem.
Detona Ralph não possui um diferencial das diversas animações já lançadas. É uma história bonitinha com uma pegada “contos de fadas” e consequente final feliz anunciado, talvez o que mais tenha decepcionado, é a visualização de uma proposta que tinha tudo para ser boa e diferente, ficar apenas dentro da média.