O Labirinto do Fauno insere com sutileza um mundo repleto de fantasia e misticismo na dura realidade daqueles que viveram durante o período da guerra civil espanhola.
A protagonista dessa história é a pequena Ofélia (Ivana Baquero), amante dos livros de fantasia e com imaginação fértil. Sua vida muda completamente após ir morar com a mãe grávida na casa do padrasto, um militar incumbido de caçar e eliminar todos os rebeldes que se opunham ao regime do ditador espanhol Francisco Franco.
Num antigo labirinto de pedra construído nos arredores do local, a menina se encontra com um Fauno, ser místico que possui uma aparência assustadora sendo metade homem, metade bode. A criatura anuncia que Ofélia é na verdade, a princesa Maona, mas para retornar para seu reino subterrâneo, será necessário realizar 3 perigosas tarefas, antes da próxima lua cheia.
O encontro de Fauno (Doug Jones) com Ofélia
O mundo de fantasia e o mundo real são intercalados de maneira equilibrada. Enquanto ofélia passa pelos diversos desafios disposta a realizar a tarefa que lhe foi dada, no mundo real, a guerra e violência do período é marcada por cenas fortes, expondo a crueldade do padastro da menina, que aos poucos deixa mais explícito o sentimento de ódio pela enteada.
Os desafios mágicos são repletos de seres assustadores, com aparência ameaçadora e atitude imprevisível, o mundo dos humanos, porém, torna-se mais cruel que a fantasia e para fugir da dura realidade, Ofélia encontra na mundo alternativo, a fuga de seus mais profundos medos.
A protagonista Ofélia (Ivana Baquero)
Além de boas interpretações, o visual sempre sombrio dos cenários contribuiu bastante para a criação do clima de constante suspense. A qualidade da fotografia do longa foi reconhecida na 79º premiação do Oscar levando 3 estatuetas no quesito melhor fotografia, direção de arte e maquiagem.
O diretor Guilhermo del toro ousou em fazer um conto de fadas que expõe os horrores da guerra. Os dois mundos recebem grau de importância equivalentes e dão abertura para a interpretação de cada espectador sobre o que é ou não real. Eu busquei minhas respostas na fantasia, mas a produção, sem sombra de dúvida, deixa a gostosa sensação da dúvida.