Nada melhor do que um bom filminho no final da tarde para finalizar um daqueles domingos bem preguiçosos! O filme escolhido foi Ruby Sparks uma comédia romântica leve e ao mesmo tempo dramática, que te arranca alguns sorrisos, mas também te faz refletir.
O protagonista da história é Calvin Weir-Fileds (Paul Dano) um escritor que aos 19 anos foi autor de um best-seller, mas que a partir de então, não conseguiu publicar nada relevante. Dez anos se passaram e sofrendo de bloqueio de criatividade e alguns problemas psicológicos e sociais, Calvin frequentemente faz visitas ao Dr. Rosenthal (Elliott Gould), seu psicanalista de confiança.
Num dia qualquer o rapaz sonha com uma simpática ruiva e mesmo sabendo que não se trata de uma pessoal real, confessa estar perdidamente apaixonado por ela. Orientado pelo seu médico, passa a escrever mais sobre a misteriosa personagem, algo que logo se torna uma verdadeira fixação.
A mágica acontece quando Ruby (Zoe Kazan) , de maneira inexplicável, salta as páginas do livro cuidadosamente escrito numa antiga máquina de escrever, tornando-se uma pessoa de carne e osso, visualizada não apenas pelo seu criador, mas, também, por todos a sua volta.
Ruby representa a mulher ideal. Simpática, extrovertida, cheia de energia, é a companheira desejada por qualquer um. O casal está sempre em sintonia, a convivência perfeita é muito bem representada pelos clichês de qualquer comédia romântica normal, porém, é justamente quando os problemas começam a surgir que a produção se engrandece e se destaca das demais.
Ruby, longe das interferências de Calvin, adquire uma personalidade real e logo os altos e baixos, erros e acertos comuns a qualquer ser humano começam a se evidenciar. Diante da primeira possibilidade de separação Calvin não resiste a possibilidade de bancar o Deus e mudar a história dando continuidade ao seu livro e consequentemente, manipulando as atitudes da namorada.´
A partir daí o filme demonstra o seu lado mais dramático e somos levados a refletir sobre o que nós mesmo desejamos em uma relação, espelhados pelo drama do protagonista que mesmo ao tentar modificar Ruby de modo a agradá-lo, nunca se encontra satisfeito com as situações que gera.
Calvin passa a ser o fiel retrato da eterna insatisfação humana e é tentando consertar as possíveis falhas de conduta e caráter de Ruby que as suas próprias tornam-se evidentes.
Em momento algum o fenômeno extraordinário ao qual, a trama se baseia, é explicado e tampouco, é necessário para o seu desenvolvimento. No final é inevitável não nos questionar se tudo realmente aconteceu ou se não passou de uma história fruto do imaginário de seu protagonista. Recomendo!