Filme: Donnie Darko (2001)

Donnie Darko é um daqueles filmes que não passam, ele permanece na nossa mente pronto para ser analisado e repensado. Sua característica é basicamente psicológica e se enquadra na categoria de produções incomuns que não trazem histórias vazias.

Ao longo dos anos, Hollywood acabou nos deixando mal acostumados oferecendo produções com um enredo muito esmiuçado o que os tornam muito mais digeríveis e melhor aceito pelo grande público, porém elimina qualquer possibilidade de uma análise diferenciada pelo expectador. Não me admira que a produção independente Donnie Darko e todos seus elementos incomus não tenha sido um grande sucesso de bilheteria.

Em Donnie Darko, o personagem principal de mesmo nome, é um garoto que esta passando por uma fase perturbada por si só, a adolescência, apresentando um quadro de perturbação mental, distorção da realidade e sérios desvios comportamentais, vive sob efeito de remédios e ainda é orientado por uma psicóloga que pouco ou nada ajuda.

O histórico de Donnie Darko já é complicado o suficiente quando após escapar de um estranho acidente em que uma turbina de um avião não identificado cai exatamente sobre seu quarto, começa a enxergar um coelho de cerca de 2 metros de altura, coelho esse que consiste em um homem vestido com uma assustadora fantasia de Halloween.

A criatura imaginaria denominado “Frank” (James Duval), passa a exercer um grande controle sobre a mente do menino, fazendo- o tomar estranhas atitudes alterando sua personalidade. Além de tal poder, o coelho ainda mostra- se capaz de prever algumas situações do futuro, e prediz que o mundo acabará em 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos.

Donnie Darko (Jake Gyllenhaal), Gretchen Ross (Jena Malone) e “Frank”.

A história vai se tornando mais complexa à medida que são inseridos nesse contexto intrincado a hipótese de viagem no tempo, o que explicaria as predições precisas de Frankie. Somos instintivamente levados a investigar os acontecimentos do filme e criar nossas próprias teorias e uma explicação plausível para a situação de Donnie Darko.

Problemático e pouco compreendido as atitudes rebeldes do garoto são tratadas meramente como surtos, mas revela em sua essência uma intensa crítica. É através do personagem “anormal” e de suas atitudes insanas que Donnie Darko procura exaltar a existência de uma sociedade cada vez mais decadente tendo como enfoque a falta de liberdade de pensamento. Na verdade conseguimos captar em grande parte dos personagens um desiquilíbrio emocional que revela que por mais que nos auto- intitulemos normais frente às loucuras alheias, no fundo, só nos diferenciamos em conseguir não exteriorizar de maneira tão intensa os temores que carregamos.

O filme possui mais de uma linha temporal o que necessita de uma atenção especial do expectador, seus elementos são estritamente interligados onde uma atitude estará invariavelmente conectada e dependente de outra. E é exatamente por isso que Donnie Darko é um daqueles filmes que valem a pena ser assistido mais de uma vez, para captarmos detalhes que acabaram passando despercebidos quando ainda não se conhece o desfecho e a chave que liga e explica todos os fatos.

Donnie Darko apesar de grande parte se passar em um colégio envolto a descobertas da adolescência é completamente psicológico. O elemento bizarro, o coelho é usado de maneira muito interessante, por ser naturalmente um incomodo visual, suas aparições traduzem o clima tenso da produção.

O baixo orçamento do filme ainda conseguiu reunir um elenco legal, temos a participação de Patrick Swayze como o (pouco importante) palestrante motivacional Jim Cunningham, a professora Karen Pomeroy, interpretada por Drew Barrymore que também é a proutora do filme (Flower Films), e Jake Gyllenhaal numa impressionante e insubstituível atuação como Donnie Darko.

O filme consiste em uma mistura improvável que acaba dando super certo. Com certeza entrou para a lista dos meus favoritos. ;)

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