Edgar Allan Poe: Contos de Imaginação e Mistério | Os Assassinatos da Rue Morgue

Olá pessoinhas coloridas! Curtindo esse mês do terror no blog? Hoje vamos conversar um pouco sobre Edgar Allan Poe e a coletânea Contos de Imaginação e Mistério da editora Tordesilhas, mais precisamente de um conto específico: Os assassinatos da Rue Morgue (é ‘rue’ mesmo).

Recentemente escrevi aqui no blog a resenha de Belas Maldições, contando minha experiência com comédia na literatura, e como sempre tive um certo preconceito em aceitar que tal gênero seria realmente algo divertido de ler.

Óbvio que estava errado! E pra piorar era a segunda vez que meu preconceito me impedia de aproveitar uma boa obra! Antes da comédia, achava que livros de terror eram balela. Não conseguia conceber que meras palavras me induziriam ao terror…

Veja bem, o cinema precisa de narrativa, estética e trilha sonora para nos aterrorizar, tire a trilha sonora de um filme e quase sempre as cenas se tornam infinitamente menos aterrorizantes. Então como raios eu sentiria medo, quando o único artifício a disposição do autor é a narrativa?

Vai parecer clichê, mas foi lendo uma história de uma coletânea de H. P. Lovecraft que vi o quanto estava enganado, nas mãos de um autor habilidoso, o teatro da mente pode ser muito mais assustador de que um cinema 3D.

A Obra de Edgar Alan Poe

Voltando ao trabalho de Edgar Alan Poe, suas obras são clássicas, e por isso serviram de base para praticamente tudo que lemos ou assistimos, quando falamos do terror clássico e ai nasce meu problema com a obra, muitos contos de Poe ‘não clicam’ comigo pois parecem extremamente singelos, quase um conto para crianças.

Tenho consciência que o problema (se é que podemos chamar assim) não é o autor, e sim a forma com que abordei seus contos.

Os Assassinatos da Rue Morgue

Pois bem, a literatura Poe não seria considerada um clássico à toa, sentia que eu deveria mudar minha abordagem, e foi assim que resolvi embarcar nas investigações de C. Auguste Dupin, um dos maiores investigadores de sua época e percursor do estilo de literatura que no futuro imortalizaria Sherlock Holmes!

– Mas Renato! Com tantos contos assustadoramente ‘maravilhindos‘  você vai escolher logo um de investigação? – O caro leitor pode se perguntar.

SIM! Investigação, o conto começa com uma das maiores divagações que já li na vida, estava quase desistindo do texto quando me dei conta, toda a filosofia apresentada nas primeiras páginas do conto tem o objetivo de nos colocar dentro da cabeça do protagonista.

Entender como ele vê o mundo, compreender isso fez a leitura tomar uma direção totalmente diferente, me senti junto de Dupin e seu amigo colorido, vagando por uma Paris noturna, lúgubre onde uma série de assassinatos bizarros estavam acontecendo.

Isso mesmo, apesar de análoga à obra de Sir Arthur Conan Doyle, o conto de Poe é muito mais visceral, os casos investigados sempre tem um tom sobrenatural, as vítimas são descritas de maneira a causar agonia.

Ao reconstruir os assassinatos a mente de Dupin analisa tudo de forma quase científica, mas os detalhes estão todos ali, dispostos de uma maneira que nenhum efeito prático te faria vivenciar a brutalidade bestial dos ataques.

Não bastasse isso, o autor ainda brinca muito, flertando com o sobrenatural, seria o assassino um monstro? Um demônio?  Os mistérios surgem paragrafo após paragrafo, dispostos de maneira que você não vai querer parar de ler até ter suas perguntas respondidas.

Por todos estes elementos, eu mais do que recomendo ler Edgar Allan Poe, sobretudo esse conto. Essa coletânea especial é um livro que todo admirador de terror deve ter na estante. O livro reúne os contos mais famosos do escritor e conta com as ilustrações de Harry Clarke. Vocês já conheciam?

Título: Contos de Imaginação e Mistério | ISBN: 8564406357 | Ano: 2012 | Especificações: 424 páginas | Editora: Tordesilhas| Comprar: Amazon