Dramas infantis particularmente me agradam bastante, em Filhos de Rambow encontramos muito mais que isso, ele nos faz sorrir e compartilhar os desejos mais profundos dos personagens assim como emociona pela delicadeza com que aborda o drama individual de cada um.
Will Proudfoot (Bill Milner) é apenas uma criança com pensamentos livres e imaginativos, o menino com grande inclinação artística vive em seu mundo imaginário todas as grandes aventuras que lhes é impedida em sua vida real. Vindo de uma família mutilada pela morte repentina do pai, o menino vê-se limitado pelas regras impostas pela religião ao qual seguem e a situação só tende a se complicar quando Will conhece Lee Carter (Will Poulter) um aluno rebelde e problemático que o leva literalmente a ir contra as regras.
A amizade conturbada que inicialmente surge entre os meninos vai se tornando uma verdadeira válvula de escape para ambos os personagens. Will tem a oportunidade de fugir de um ambiente familiar sufocante e colocar em prática seus desejos expressos em seus desenhos e histórias inventadas muitas delas desenhadas em sua bíblia pessoal, um verdadeiro símbolo do conflito causado entre a arte e religião.
Já para o menino rebelde, Lee Carter em meio ao seu típico comportamento agressivo encontra em Will um amigo e parceiro para colocar em prática o seu sonho de produzir um curta- metragem baseado no Clássico Rambow.
É na casa de Lee Carter que o pequeno e inocente Will assiste pela primeira vez um trecho de Rambow, ele a partir de então projeta a imagem paterna que lhe falta no ator (Silvester Stalone), o pai imaginário que lhe proporcionará grandes aventuras já que ele é o próprio filho de rambow e ninguém poderá detê-lo.
Will torna-se o protagonista do filme caseiro produzido pelo amigo Carter baseado nas aventuras de Rambow. É durante as filmagens que o menino extravasa seu lado aventureiro e espontâneo. As gravações improvisadas e a atuação destemida do menino colocam frequentemente os amigos em situações bem inusitadas e divertidas.
Os Protagonistas Lee Carter e Will Proudfoot
Ainda com participação importante temos o adolescente francês Didier Revol (Jules Sitruk) um aluno francês que vem fazer intercâmbio na Inglaterra e além de conquistar uma legião de fãs é a representação do símbolo da juventude rebelde dos anos 80, e o irmão de Lee Carter um dos grandes responsáveis pela atitude rebelde e antissocial do garoto.
Son of Rambow é uma história consistente que consegue ser leve ao tratar de temas polêmicos como religião e discriminação social. A abordagem nos leva a refletir sobre determinadas regras que moldam certas doutrinas religiosas e o quanto esses rótulos impostos a vida de seus seguidores são muitas vezes limitantes.
Didier Revol e seus seguidores.
Outro ponto forte do filme é a maneira como os sentimentos dos personagens são abordados, as atuações dos atores mirins inicialmente bem caricaturadas para delimitar as diferenças drásticas no perfil dos dois personagens centrais, tornam-se bem naturais e verossímeis a medida que passamos a conhecer as outras faces dos personagens e entender que suas reações e comportamentos consistem na verdade num reflexo do que os rodeiam.
Essa produção de Garth Jennings o mesmo diretor do “Guia do Mochileiro das Galáxias” já foi lançado no Brasil diretamente em dvd, um filme muito interessante indicado para toda família. Recomendo!