Resenha do Livro: A Garota no Trem de Paula Hawkins

A Garota no Trem lançado pela Editora Record foi um livro muito comentado durante o seu lançamento, inclusive o best-seller deu origem a um filme de mesmo nome estrelado por Emily Blunt.

A obra de Paula Hawkins é um thriller psicológico que traz a história de três mulheres: Rachel, Megan e Anna. O livro é contado em primeira pessoa pelo ponto de vista de cada uma das personagens, a autora tem uma maneira bem interessante de nos apresentar os fatos, alternando em passado e presente, e dividindo o dia em períodos.

A principal narradora do livro é Rachel, uma mulher que está com a vida completamente desestruturada e para afogar as suas mágoas e constante sensação de fracasso, afunda-se diariamente na bebida e pega religiosamente o trem das 8h04 de Ashbury com destino a Londres.

De vazio, eu entendo. Começo a achar que não há nada a se fazer para preenchê-lo. Foi o que percebi com as sessões de terapia: os buracos na sua vida são permanentes. É preciso crescer ao redor deles, como raízes de árvore ao redor do concreto; você se molda a partir das lacunas.

Ao realizar essa viagem todos os dias, como forma de despistar sua companheira de apartamento de uma demissão que ocorrera há meses, Rachel passa a observar obsessivamente os moradores de uma casa específica que encontra em seu trajeto. É no casal de vida aparentemente perfeita que a personagem relembra o dias felizes de seu casamento destruído.

Quando Rachel observa algo incomum acontecendo na sua tão familiar casa de número 15 e logo em seguida, a notícia do desaparecimento de sua bela moradora, resolve contribuir com todas as informações que puder e acaba se envolvendo muito mais do que deveria nessa história cheia de suspense e lacunas que precisam ser preenchidas.

Viver assim, como eu vivo hoje, é mais difícil no verão, quando o dia é mais longo e o abrigo na escuridão da noite é curto, quando há tanta gente na rua, a felicidade estampada no rosto. Isso é tão cansativo, e deixa a gente se sentindo mal por não fazer parte daquilo.

A história é construída com base em pequenos retalhos. Aos poucos vamos entendendo a ligação entre as personagens e buscando pistas para solucionar o principal mistério. A maneira com que a autora decidiu construir essa história fez toda a diferença para me prender a leitura, até porque, tive bastante dificuldade em me apegar as personagens e mesmo assim, não consegui largar o livro até o final.

A Rachel é uma personagem que faz muitas besteiras consigo mesma. As suas recaídas com a bebida, atitudes impulsivas e impensáveis a coloca em situações muito difíceis. Fica claro a sua total dependência emocional pelo ex-marido Tom, sem conseguir superar o término da relação, são muitas as situações em que a personagem se humilha por migalhas de atenção.

Não sei. Não sei onde foi parar aquela força, não me lembro do momento em que a perdi. Acho que, com o passar do tempo, ela foi se dissipando, pouco a pouco, pela vida, pelo fardo de vivê-la.

Essa abordagem, apesar de cansativa, acaba sendo interessante para analisar os tipos de relacionamentos abusivos e doentios que existem. Fica claro que Rachel precisa de ajuda profissional para superar uma depressão e o  alcoolismo, mas justamente por insistir nos mesmos erros e ter uma atitude tão autodepreciativa, fica difícil criarmos um laço mais forte com ela. Temos a sensação que ela simplesmente não quer ser ajudada, sabe?

A Garota no Trem é uma história com bastante reviravoltas, que conseguiu me surpreender em alguns aspectos. Além de proporcionar muito suspense e tensão psicológica, o livro é também um alerta sobre o poder emocional que uma pessoa pode ter sobre a outra, sendo capaz, até mesmo, de destruí-la. Vocês já leram esse livro? Assistiram a adaptação?

Título: A Garota no Trem | ISBN: 9788501104656 | Ano: 2015 | Especificações: 378 páginas | Editora: Record

[Esse livro foi enviado pelo Grupo Editorial Record]