Resenha do Livro | Rastro de Sangue: Jack, o Estripador (Darkside Books)

Eu sou apaixonada por obras que se passam na era vitoriana em Londres. Trata-se de uma era no mínimo excêntrica, um período histórico que tinha o seu charme e suas bizarrices. Rastro de Sangue livro de Kerri Maniscalco lançado pela Darkside Books, passa-se justamente nessa época e traz a tona os assassinatos cometidos pelo primeiro serial killer a se tornar famoso no mundo: Jack, o Estripador.

Rastro de Sangue Jack, o Estripador Darkside Books

É fato que esse personagem da história, que jamais teve a sua real identidade descoberta, está presente no imaginário de muitos escritores e cineastas, muitas são as obras que já abordaram a história do serial killer que se tornou um ícone da cultura pop, mas então, você deve estar se perguntando, qual o diferencial de Rastro de Sangue? A minha resposta é certeira: Uma protagonista feminina que luta contra o patriarcado.

Rastro de Sangue, no encalço de Jack, o Estripador

Rastro de Sangue Jack, o Estripador Darkside Books

Rastro de Sangue Jack, o Estripador Darkside Books

Das vielas sombrias da pequena Whitechapel surge o mal – um assassino em série que transforma suas inocentes vítimas em um retrato grotesco da maldade humana. Nenhum homem jamais descobriu seu nome. Este é um trabalho para uma mulher.

Rastro de Sangue Jack, o Estripador Darkside Books

Audrey Rose Wadsworth pode até parecer as típicas donzelas dessa época, mas, por trás de todos os compromissos sociais que ela precisa cumprir, encontra-se uma garota apaixonada pela medicina forense. Enquanto as damas de sua idade estão bordando delicados lencinhos, Audrey está no laboratório do tio realizando suturas com pontos perfeitos em cadáveres recém analisados.

Rastro de Sangue Jack, o Estripador Darkside Books

É nessa época que as primeiras vítimas do assassino conhecido como Jack, o Estripador começam a surgir em Londres. Enquanto auxilia na autopsia das prostitutas assassinadas, Audrey Rose acaba no encalço do temível avental-de-couro e está disposta a se arriscar para descobrir a verdadeira identidade do assassino.

Além do apoio do tio nas investigações, Thomas Cresswell também é uma figura presente no cotidiano de Audrey. O rapaz astuto que tem um ‘que’ de Sherlock Holmes logo se mostra como um adversário à altura, mas para que a sua investigação pessoal possa dar resultados é preciso que ambos deixem o orgulho de lado e possam unir suas forças.

Rastro de Sangue Jack, o Estripador Darkside Books

Rosas tem tanto pétalas quanto espinhos, minha flor escura. Você não precisa acreditar que alguma coisa seja fraca  porque ela parece delicada. Mostre ao mundo sua valentia

Rastro de Sangue Jack, o Estripador Darkside Books

O contexto histórico é um diferencial à parte. A escrita da autora expõe a faceta sexista da sociedade daquela época e coloca o seu foco na força feminina, inclusive dando um pouco mais de humanidade as mulheres marginalizadas que vagavam pelas ruas do bairro londrino Whitechapel e acabaram vítimas desses crimes brutais.

Um ponto que me incomodou um pouquinho durante a leitura foi a necessidade de a protagonista estar constantemente se afirmando capaz. Acho que a intenção da autora foi reafirmar a força e coragem de Audrey Rose perante o preconceito e machismo da época, mas acho que esse lado da personagem poderia ter sido abordado de um modo mais intrínseco.

Sobre a Edição

Rastro de Sangue Jack, o Estripador Darkside Books

Eu sonhava em um dia em que moças poderiam usar rendas e maquiagem, ou maquiagem nenhuma e pudessem vestir um saco de aniagem se assim desejassem, para atuarem em suas profissões escolhidas sem que isso fosse considerado inapropriado.

Rastro de Sangue Jack, o Estripador Darkside Books

A edição como sempre está super caprichada, a capa não é uma das minhas preferidas da Darkside, mas combina com a natureza da história.

Rastro de Sangue Jack, o Estripador Darkside Books

Na folha de guarda encontramos um mapa da Londres Vitoriana e entre os capítulos fotos e ilustrações pertinentes a trama como esquemas de anatomia humana, objetos e lugares da época e até mesmo a transcrição de uma das cartas supostamente escritas pelo Jack, o Estripador. Aliás, enquanto escrevia esse post e fazia a minha pesquisa habitual sobre o tema abordado, descobri uma reportagem da Revista Galileu no qual afirma-se que “as primeiras cartas atribuídas a “Jack, o Estripador” foram escritas por membros da Central News Agency of London (Agência Central de Notícias de Londres) para aumentar as vendas de jornais sobre o caso.” Se você gosta desse assunto vale a pena ler o texto completo.

Rastro de Sangue é o primeiro livro de uma série que trará histórias inspiradas em outros personagens clássicos da era vitoriana. Acho que a autora começou muito bem em seu romance de estreia. Já estou curiosa para saber quais serão os temas dos próximos livros.

Espero que tenham gostado da resenha pessoal! Até mais!

Classificação do livro: 4 estrelas

Título: Rastro de Sangue: Jack, o Estripador | ISBN: 8594541007 | Ano: 2018 | Especificações: 354 páginas | Editora: Darkside Books | Comprar: Amazon

[Esse livro foi enviado pela Darkside Books]

21 comments

  • Sou tão apaixonada pelas suas resenhas! São sempre tão bem aprofundadas, reflexivas e sensíveis. Fiquei louca para conferir a obra! Creio que essa ratificação da autora, que pode acabar transparecendo uma certa insegurança da personagem, pode refletir sobre essas problemáticas sociais a mais, que vão além até do machismo, abordando padrões e pressões que acabam por alimentar mais dessas energias duvidosas… mas adorei você ter pontuado e alertado, para que seja um ponto analisado de melhor maneira nas leituras. Lindeza!

    http://www.semquases.com

    • Ahhh muito obrigada pelo seu comentário <3
      Acho legal retratar a insegurança da personagem mas talvez de uma maneira mais diversificada e menos cansativa, né?
      Um beijo :)

  • Opa, não é o mesmo livro hehe. Ainda não publiquei minha resenha, mas logo logo ela sai.

    Eu realmente amei Rastro de Sangue, apesar de ter achado alguns momentos levemente arrastados. Adorei como a autora escreveu, o tom meio sombrio, a protagonista forte… ah, e eu AMEI o Thomas. Será que fui só eu que me APAIXONEI por ele?! Haha. Tenho tendência a gostar desses personagens mais misteriosos, meio arrogantes. Enfim, eu adorei *-*

    Sua resenha está um amor, desde o texto até as fotos. Você segurando o livro é tão fofa *-*

  • Vendo posts de resenhas literárias até me dá uma culpazinha huahua ainda não li nada em 2018! Logo que que lia um atrás do outro :c

    Fiquei surpresa em saber que essa capa é da DarkSide, não parece ser o estilo deles, achei meio clichê e não fisga muito o leitor.

    Eu gosto dessas releituras onde colocam protagonistas mulheres em histórias que ninguém pensou antes em colocar!

    • As vezes a gente empaca nas nossas leituras e é até que natural, né? Eu mesma no momento estou preferindo jogar do que ler, ai as leituras não rendem tanto. Mas, espero que você vá recuperando o seu ritmo de leitura aos pouquinhos!
      Realmente o livro tem esse lado mais clichê, mas a personagem feminina como centro contribui bastante pra história, né?
      Um beijo

  • Oi, Dai! Tudo bem?!
    Logo que vi que a DarkSide iria publicar esse livro eu fiquei muito ansiosa para lê-lo. Eu achei muito legal da parte da autora trabalhar com uma personagem feminina tão decidida; Gostei dos pontos que você citou na sua resenha, e eu não sabia que o livro era o primeiro de uma série. Agora estou mais ansiosa ainda para conferir as histórias de outros personagens.

    Beijoss :*

    • É verdade, a autora detalha bem essas partes e pra quem não gosta desse tipo de coisa fica meio tenso ler haha
      Feliz em saber que curtiu as fotinhos do post !
      Beijão!!

  • Oi Dai!
    Deve ter sido uma leitura bem diferente!
    Gosto de temas assim, o último sobre serial killers que li foi Mindhunter… Talvez eu consiga ler esse em breve. Ter uma personagem tão forte quanto a Audrey deve agregar muito a leitura.

    Beeeijos <3

  • Adorei sua resenha, Dai. Acabei de ler (mais uma vez) a série Wherlocke da Hannah Howell, porque estava procurando uma história épica um pouco diferente. Então em minha busca para o meu próximo livro, acabei tropeçando nessa obra. E achei a resenha muito interessante. Mas normalmente acabo preferindo histórias que tenham pelo menos um toque de romance e não vi nenhum traço disso aqui. Será que não tem nada nesse sentido na história?
    Obrigada pela ótima resenha, Dai. Parabéns!

    • Oi Lívia, fico feliz que tenha gostado da resenha! O livro tem um toque bem leve de romance (está mais para uma tensão sexual entre a protagonista e o Thomas, aliás, ele é um personagem bem misterioso que acaba despertando o famoso crush em muitas pessoas haha) então, acredito que sim! Essa é uma obra que pode te agradar também!
      Um beijo! :)

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