Antes de mais nada é válido explicar que Esse ‘geek’ do título não se refere ao significado que a palavra adquiriu na cultura pop, nesse caso, a palavra é empregada em seu sentido original e refere-se aos artistas de circo que em sua apresentação degolavam galinhas vivas. Sim, sei que isso soa bastante bizarro, e é justamente essa a sensação que você tem a maior parte do tempo ao topar embarcar na história da família Binewski. Bizarisse, estranhamento e uma boa pitada de repulsa.
A frente de um circo itinerante, os Binewski decidiram produzir as suas próprias aberrações, utilizando substâncias tóxicas e radioativas para dar luz à crianças com algum tipo de alteração genética ou física a fim de utilizá-las no show. Cada um dos seus quatro filhos diferencia-se por alguma anormalidade, característica essa amplamente explorada por seus pais no show de horrores particular da família Binewski.
A verdade é sempre um insulto ou uma piada. Mentiras são geralmente mais saborosas. Nós a amamos. A natureza delas é agradar. A verdade não tem consideração pelo conforto de ninguém. – Arturo Binewski
Mas, quem são os Binewski?
Acho que vale super a pena apresentar os integrantes dessa família peculiar, então aqui vamos nós:
Crystal Lil é a matriarca, a bela loura de grandes pernas era uma geek antes de passar a se dedicar a família e abandonar a sua apresentação no espetáculo;
Al Binewski, herdou o circo do pai, sempre esteve à frente da tomada de decisão, administrando todos os aspectos de seu empreendimento de perto;
Arty ou o Aqua Boy, o primogênito que nasceu com nadadeiras nos pés e nas mãos, logo mostra a sua capacidade de persuasão através de discursos cada vez mais entusiasmantes, enquanto se apresenta em um grande aquário;
Elly e Iphy, as gêmeas siamesas, dotadas de uma personalidade forte e contraditória, as gêmeas se destacam em apresentações onde demonstram os seus dotes musicais;
Olly, a anã corcunda, albina e careca, não foi digna de ganhar um espetáculo para si, no entanto, acaba se saindo bem servindo incondicionalmente aos irmãos, é de sua boca que ouvimos a história dos Binewski;
e por fim Chick, o caçula, o aparente “normal” que quase fora abandonado por falta de utilidade, aos poucos revela uma habilidade psíquica bastante valiosa. Dono de um coração de muita bondade é motivo de ciúme para os Binewski mais orgulhosos.
As pessoas conversam comigo com facilidade. Acham que uma anã corcunda, albina e careca não pode esconder nada. O que tenho de pior já está à vista. Por isso as pessoas precisam falar sobre elas mesmas. Começam por simples cortesia. Ser visível, simplesmente, é minha maior confissão, por isso elas tentam me deixar à vontade revelando sua igualdade, trazendo à tona suas deformidades menos aparentes.
A escrita e narrativa de Katherine Dunn
A narrativa de Geek Love é divida em duas linhas temporais, é através de Olly que descobrimos o passado da família e o desenrolar dos fatos até os dias atuais, quando a anã já se encontra com seus 38 anos. Apesar de achar esse recurso bastante interessante em alguns livros, acho que isso dificultou um pouco o meu avanço na história. A trama do passado, aquela na qual conhecemos cada integrante e a sua importância para o desenrolar da narrativa, fluiu de uma maneira bem rápida, porém, a linha temporal do presente não me pareceu tão interessante, o que me fez torcer para retornar aos estranhos acontecimentos do passado.
Temos uma descrição detalhada de como era a dinâmica do show itinerante, apesar de termos contato com uma boa quantidade de personagens, vamos aos poucos construindo uma imagem bem clara dos integrantes da família Binewski e suas intensões. E fatos que antes eram apenas vislumbres de algo maior, logo passam a tomar proporções assustadoras.
Bizarros são como corujas, mitificados como seres de pura objetividade fria e cega. Os normais pensam que nosso contato com eles é hesitante. Enxergam a gente como uma interrupção da tentação e pequeneza. Até nosso ódio é grandioso sob suas luzes fracas. E quanto mais deformados somos, maior a nossa suposta santidade.
Geek Love, em meio a tanta bizarrice e estranhamento, levanta várias questões interessantes, dentre elas o conceito de família. É impossível não se revoltar com a intensão inicial de Al e Crystal Lil, por outro lado, conforme a história avança conseguimos entender e até aceitar certas atitudes bizarras que foram sendo tomadas, reconhecendo até mesmo, o amor em meio tanta controvérsia.
É através do arco de Arty, que a história vai tomando um rumo bastante inesperado e muitas vezes, pesado. Exercendo o seu alto poder de persuasão e oratória é o responsável por disseminar uma nova ideia sobre pureza e libertação, levando os seus seguidores as últimas consequências a fim de se livrarem da maldição da aparente normalidade a qual, os seus corpos estão fadados. Seria a aparente beleza e normalidade um empecilho ao melhor desenvolvimento das capacidades humanas?
Tenho vislumbres do horror da normalidade. Cada um desses inocentes na rua é tragado por um terror da própria natureza ordinária. Fariam qualquer coisa para ser únicos – Arturo Binewski
Ouvir a história pelos lábios de Olly, a faz muito mais interessante. A personagem compartilha com o leitor uma visão bastante crua da vida e dos acontecimentos, a amargura de suas palavras que por vezes, podem soar como preconceituosa, insensível e distante, funciona como um óculos que nos ajuda a embarcar naquele universo e aceitar os fatos mais bizarros como parte daquela realidade.
Não é uma leitura gostosa, nem leve, irá incomodar os leitores mais sensíveis, o meu conselho é embarcar com a mente aberta, há bastante coisa para aproveitar dessa leitura.
O livro está lindo não acha? Até mais pessoal
Nota: ☆☆☆☆ | Título: Geek Love | ISBN: 8594540442 | Ano: 2018 | Especificações: 464 páginas | Editora: Darkside Books | Comprar: Amazon
[Esse livro foi enviado pela Darkside Books]
O mais interessante é que se a gente parasse na capa e nas figuras, eu ia jurar que seria um livro leve e divertido. Aí a gente lembra que é da Darkside books né? haha :D
hahaha simm! Eu não fazia ideia da origem da palavra geek por exemplo, quando soube meu queixo caiu hahaha
Oi Dai! Que edição linda, nossa! E olha que eu nem sou muito fã desse universo circense, mas achei tudo lindíssimo. Não sei se curtiria muito a história, mas a editora está de parabéns, UAU.
Menina essa edição tá mesmo perfeita haha <3
Achei o livro tão bizarro só pelo que você já contou na resenha, eu imagino como deve ser lendo. Mas também achei diferente e curioso, por isso estou morrendo de vontade de ler também.
hahaha essa história tem uma estranheza que chama a nossa atenção, né? haha
que fofura esse livro!! amei sua resenha,como sempre maravilhosa!
E tuas fotos?? As melhores do mundo amooo.
Ahh obrigada Day ;)
Acho incrível como as capas dos livros da Dark Side são sempre impecáveis. Sério. Essa capa tá linda demaisss! <3
Quando comecei a ler o texto achei que o livro não faria muito meu gosto pela história, mas depois se saber um pouco mais dos personagens confesso que fiquei bem curiosa pra ler mais. Vou anotar na minha listinha!
Um beijo.
Rê | Rivière du Souvenir
HUMM que bom que essas peculiaridades de cada personagem te despertou uma curiosidade pelo livro! Se você ler, depois me conta o que achou hehe
Um beijo
Darkside sempre arrasando nas edições maravilhosas.
A história me lembrou um pouco A Casa da Senhora Peregrine, uma das séries que eu mais curti ter lido, e que a história me cativou bastante, e o tema também trazia essa questão das diferenças (e da família).
Eu amo essa trilogia (tem um novo livro você viu?)
Bom, eu acho Geek Love bem mais ácido, mas ambos os livros tem uma natureza de estranheza bem parecidos nessa parte haha!
Quem sabe você possa gostar :)
meu deus que coisa mais linda! a darkside arrasa demais nessas edições e vc arrasa demais nas fotos! adorei conhecer esse livro com esse tema de circo, ja quero ler!
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ahh obrigada Lívia <3
Que saudade de ler esse livro. Mesmo não sendo uma leitura muito fácil (demorei um pouquinho para concluir), depois que fechei a última página senti um misto de tristeza e alegria tão grandes! É uma história excêntrica e maravilhosa!
A edição está realmente linda, e suas fotos contribuíram ainda mais. Quanta delicaeza, Dai <3
É uma leitura tão diferentona, né? Por conta de todo esse universo excêntrico e personagens complexos. Realmente dá saudade.
Ahhh feliz que gostou das fotos Luh