Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004) é um filme genial. Super merecedor do Oscar que conquistou na categoria de Melhor roteiro original.
Imagine uma história em que já existe um modo de apagar coisas específicas da sua mente para sempre. Agora pense na ideia tentadora de fazer isso quando quer esquecer algo desagradável, pessoas que te irritaram ou magoaram ou um bichinho de estimação que faleceu a pouco e que esta te trazendo grande sofrimento. Não seria uma ideia tentadora simplesmente deletar as coisas que te incomodam ao invés de enfrentá-las?
Na trama Joel Barish (Jim Carrey) descobre que sua namorada Clementine Kruczynski (kate Winslet) o deletou de sua mente, magoado e completamente perdido por simplesmente passar a não existir mais na vida da namorada, Joel decide vingar-se, e resolve procurar a clínica do médico Howard Mierzwiak (Tom Wilkinson) para passar pelo mesmo procedimento.
A partir de então, o expectador sente-se parte do protagonista. A maior parte do filme mostra as lembranças de Joel sendo mapeadas e apagadas, ou seja, entramos na mente de Joel e passamos a nos sentir íntimos do personagem. Essas cenas lembram sonhos, daqueles mais malucos em que há mudanças repentinas nas situações, tornando o filme bem dinâmico e surrealista.
Primeiramente são mostradas as lembranças de brigas, desentendimentos entre o casal, o que nos leva a pensar que não havia cumplicidade entre eles, porém com o decorrer do filme passam a ser mostradas também, as lembranças mais antigas, sentimos como se o amor entre os personagens fosse emergindo das profundezas da mente de Joel, lembranças que estavam aparentemente sendo esquecidas, oprimidas enquanto a mágoa e o ressentimento tomavam conta de todo o resto. Após passar a reviver momentos maravilhosos e especiais passados com Clementine, Joel percebe que é um erro tudo aquilo, que ele literalmente não deve esquecer a mulher da sua vida, sua amiga e companheira maluquinha. Então a partir dai, passa a lutar contra todo o processo tentando esconder Clementine em suas memórias mais protegidas e improváveis, é ai que conhecemos um pouco do passado do personagem e as situações inusitadas proporcionadas entre a mistura dessas lembranças rende algumas cenas engraçadas.
A linha temporal do filme não é previsível, ela altera-se constantemente e passado e presente são intercalados. Quando você pensa que o filme está uma grande confusão, sente-se muito surpreendido quando no final tudo se encaixa perfeitamente. Uma maneira de identificar o tempo que se passa a determinada cena é observar a mudança da coloração dos cabelo de Clementine.
Os atores estão super bem em suas atuações. Somos envolvidos pela história dos dois personagens, diferentes em suas personalidades, mas que se completam perfeitamente! Em momento algum lembrei de Jim Carrey como o comediante hilário que ele é. Ele simplesmente se entrega ao seu personagem transmitindo de maneira convincente a personalidade tímida e insegura de Joel, provando mais uma vez que o seu talento se expande para outros gêneros que não seja a comédia. Kate Winslet também ‘vestiu’ super bem a personagem Clementine. Ela encanta com o jeito despojado e espontâneo da personagem, e sua rebeldia é facilmente percebida no visual de seus cabelos, cada hora de uma cor diferente, (a minha preferida, óbvio é a laranja, acho que já deu pra perceber minha queda por cabelos ruivos alaranjados não é mesmo? #Queroumtambém!)
A história mexe com o psicológico, faz a gente refletir sobre a nossa própria vida espelhando-se na temática do filme e faz isso de maneira tão majestosa que nem percebemos que já estamos filosofando, sendo essa, uma conseqüência natural a quem assistir a esse filme.
Começamos a imaginar se procedimento semelhante fosse realmente possível, quantas pessoas iriam se submeter a isso impulsionados a fazer coisas impensáveis num momento de fraqueza e desespero e como isso afetaria completamente a vida dos que foram esquecidos de maneira tão repentina.
Passamos a pensar também, sobre nossas experiências de vida e perceber que sejam nossas lembranças boas ou ruins nos trouxeram lições que nos fizeram evoluir, sendo impossível apagá-las sem deletar junto parte do que somos.
É muito bom ver uma comédia romântica que fuja dos clichês de hoje em dia, o filme possui uma essência própria, percebemos uma harmonia de todos os elementos da trama, não é apenas mais um dos filmes que são lançados as pencas por ai, ele é diferenciado e marcante.
Esse filme é muito bom !
Recomendadíssssimo! :D