O Retrato de Dorian Gray: Comparativo entre o livro (1891) e o filme (2009)

Dorian Gray - Filme x Livro

Há alguns meses me dediquei a leitura do clássico O Retrato de Dorian Gray de Oscar Wild. Em uma época em que me  falta tempo para apreciar uma leitura realmente saudável, esse  livro me acompanhou por muitas noites, quando antes de dormir avançava lentamente por suas páginas.

Muito tempo se passou e a ideia de fazer um post sobre o assunto também foi abandonada. Porém, recentemente o filme estrelado por Ben Barnes, adaptação da obra original, foi disponibilizada no Netflix o que me possibilitou relembrar e fazer um comparativo entre os dois trabalhos.

O personagem principal dessa história é o belo e jovem Dorian Gray (Ben Barnes). Ele chega a Londres após receber a herança do tio falecido recentemente e logo cria uma relação bem próxima com o politicamente incorreto Lord Henry Wotton (Colin Firth) e o artista Basil Hallward (Ben Chaplin), responsável por pintar um retrato de Dorian cuja beleza encanta a todos que pousam os olhos sobre ele.

Dorian gray - filme  (quadro)Dorian Gray e o retrato pintado por Basil Hallward

A trama logo traça o seu rumo quando, o protagonista instigado pelas reflexões de Henry que frequentemente ressalta a importância da beleza e da juventude, deseja em voz alta que nunca envelheça. A partir daí o retrato passa a ser o detentor de todos os pecados cometidos por Dorian, e gradativamente se deforma a cada ato imoral  tornando-se a representação de um espírito corrompido.

A vida completamente desregrada levada pelo protagonista no romance de Oscar Wild é apenas sugestionada. Os locais por onde passou, as pessoas com quem conviveu são pistas deixadas pelo autor para que os leitores interprete e tire as suas conclusões. No cinema em contraposição a qualidade dos figurinos e do tom sombrio e gótico dos cenários, não houve nenhuma preocupação em  exibir cenas de sexo, drogas e Homossexualismo  de forma cuidadosa, todas as ações tornaram-se escrachadas,  demonstradas de maneira vulgar e desnecessária, tornando-se o foco principal da trama em grande parte de seu desenvolvimento. O protagonista parece não se importar com os sofrimentos que uma possível imortalidade pode proporcionar. Seus sentimentos são muito superficiais, como no caso da sua primeira decepção amorosa  com a pobre e iludida atriz Sibil Vane (Rachel Hurd-Wood).

Dorian gray - filmeDorian e lorde Henry

Nas duas obras a influencia de Henry sobre a conduta de Dorian é evidente.  A filosofia do pensamento do lord  no livro eram as partes que eu mais gostava por justamente me fazer refletir sobre as mais diversas e obscuras questões da vida. O trecho a seguir, na minha opinião, norteia muito bem a linha de raciocínio ao qual a obra é direcionada, quando diz:  “Ao envelhecermos, nossa memória é assaltada pelas tentações que não tivemos coragem de vivê-las. O mundo é seu por uma estação. Seria trágico que compreendesse tarde demais que somente uma coisa vale a pena… a juventude.”

A leitura é super indicada para quem está em busca de uma narrativa profunda, fundamentada em reflexões sobre os desejos, escolhas, valores e imposições da sociedade sobre a vida como um todo. Ao retratar a vida de Dorian Gray, a adaptação cinematográfica pecou em deixar de lado grande parte do tom filosófico, e tentou de maneira estranha compensar esse vazio acrescentando uma atmosfera de constante suspense, gritos de horror e derramamento de sangue desnecessários.

1 comment

  • O livro e o filme parece bem interessante. Atualmente estou lendo um livro de suspense bem interessante “As luzes de setembro” achei o livro bem legal, ainda estou lendo!

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